Reportagem: Djane Assunção e Thiago Lima
Fotos: Anne Costa e Thiago Vinicius
No sábado dia (10), os estudantes
de Comunicação Social - Educomunicação da Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG), Anne Costa, Humberto Silva e Eduarda Bezerra deram início
ao projeto “Cordel na Integração”.
Esta iniciativa é parte de uma
intervenção urbana fruto do trabalho de conclusão de curso dos graduandos, e
tem como objetivo destacar a literatura de cordel na cidade de Campina Grande-PB.
O projeto está sendo aplicado com o apoio da Prefeitura Municipal de Campina
Grande (PMCG) e da Superintendência de Trânsito
e Transportes Públicos (STTP).
O projeto Cordel na Integração
A ideia central do projeto parte
da exposição de folhetos de cordéis e grafites que remetem a xilogravura no
terminal de integração de ônibus de Campina Grande. O cordel ganha evidência
neste período junino, sendo um elemento bastante procurado por turistas e até
mesmo campinenses, contudo, nos demais períodos do ano, esta literatura cai no
ostracismo e adormece. A vontade de resgatar esta ferramenta da cultura popular
campinense, aliado à pouca disponibilidade de entretenimento para os usuários
do terminal de integração, fez com que os estudantes pusessem em prática esta ideia
cultural.
No terminal, além da exposição de
livros em cordel, banners e grafite com a temática junina, está tendo apresentações com poetas para animar os passageiros que aguardam a chegada dos
veículos. Os usuários poderão também adquirir cordéis que custam 2,00 reias e
livros com preço de 10,00 e 20,00 reais.
Anne Costa falou sobre a
participação de artistas paraibanos na iniciativa. “Contatamos alguns artistas
para tocarem e cantarem lá, mas alguns estavam sem tempo em suas agendas,
outros cobraram cachê e outros só iam se tivesse mídia certa, sendo assim, não
tivemos ainda atrações musicais, só colocamos músicas por nossa conta, a
exemplo do CD de Luiz Gonzaga, isso entre uma apresentação e outra dos cordelistas convidados”, disse.
Anne ressaltou que está ciente
das dificuldades que ela e seus amigos poderiam enfrentar, mas que está muito
orgulhosa do seu trabalho. “O espaço está aberto para quem quiser dar apoio,
basta falar conosco. Não tem preço ver o cordelista expor seu trabalho, ver a
alegria das pessoas parando para ouvir o poeta, então, consideramos diante
disso que o trabalho está dando muito certo. Quarta-feira está quase fechado com um trio de forró
que vai levar muita música a Integração, além claro, dos cordelistas dando o
show deles”.
Intervenção social e cultural
A literatura de cordel é um dos patrimônios da cultura
nordestina. Uma expressão popular formada por versos que trazem para o folheto o
cotidiano do sertanejo e abordam de maneira simples e objetiva acontecimentos,
fatos políticos, artísticos, lendários e folclóricos de personagens inspirados
na vida real. Por ser um meio de comunicação capaz de abranger as mais diversas
classes sociais, cumpre um importante papel na disseminação dos valores
sociais, artísticos e culturais de um povo. Contudo, existe a ausência de
reconhecimento e valorização dos artistas cordelistas.
Eduarda Bezzerra disse como ela espera contribuir socialmente
com a aplicação do projeto. “O que esperamos da sociedade campinense é
que apoie está ideia e que possam sentir e viver a cultura nordestina. Que esse
trabalho seja valorizado e que as pessoas se identifiquem de alguma maneira com
ele”.
Anne complementou. “Espero contribuir socialmente com o projeto tendo em vista como
o nosso país é carente em termos de apoio a cultura. As pessoas que passam pela integração vão poder conhecer cordéis de cordelistas campinenses e apreciarem
xilogravuras feitas por grafiteiros aqui da cidade, levando consigo um pouco da
cultura popular".
Em dias alternados, cordelistas estão comparecendo a
Integração para vender os cordéis de autoria deles e também declamarem,
chamando ainda mais atenção do público.
Contribuições da Educomunicação
Por ser fruto
do trabalho de conclusão de curso dos estudantes, o projeto Cordel na
Integração está vinculado a proposta estabelecida pela linha de formação do
curso que estudam, no caso a Educomunicação.
Dentro de uma perspectiva educomunicativa, o trabalho busca
resgatar a cultura popular de Campina Grande através de uma expressão artística-comunicativa.
Uma vez, que através da apreciação artístico-literária,
a intervenção proporciona um espaço para a socialização, representatividade
artística, incentivo à leitura e cidadania. “A gente tem com o objetivo
incentivar a leitura popular neste meio. A ideia surgiu enquanto cursávamos a disciplina
de Gestão da Comunicação, no qual apresentamos um artigo sobre "poesia no
metrô", por isso pensamos no terminal de integração, porque lá tem
diariamente um grande fluxo de pessoas, cerca de 80 a 100 mil pessoas por dia”,
afirmou Eduarda.
A estudante Evelly Joyce, ao
passar pelo terminal de integração disse a nossa reportagem que ficou encantada
com o trabalho. “Eu ainda não tinha visto o Projeto Cordel na integração, quando
vi fiquei maravilhada por tamanha proporção. Inclusive fiquei muito feliz
porque quando passei percebi que havia duas senhoras lendo os banners”,
declarou.
O projeto ficará exposto durante
um mês inteiro e até o dia 14 deste mês Anne, Humberto e Eduarda estarão movimentando
a integração. Nesse período, com exceção do dia de hoje (12), está previsto atrações
culturais no local. Trata-se de encenações teatrais, música ao vivo, exposição
de grafites e a presença de poetas declamadores.
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