Reportagem: Djane Assunção
Em
um debate proporcionado pelo professor da Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG) Rostand Melo, e que contou com a presença de Áurea Olímpia, jornalista e assessora
de imprensa da ONG Centrac (Centro de Ação Cultural) e da entidade Aspta
(Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Familiar e Agroecologia), foi detalhado
e discutido acerca do papel da comunicação no Terceiro Setor. O debate ocorreu
das 19h às 21h30 na noite da segunda-feira dia 16, na sala bw8 da Unidade
Acadêmica de Arte e Mídia (UAAMI) da UFCG, e foi fruto de discussões
tratadas em sala de aula pela disciplina de Estado, Políticas Públicas e
Movimentos Sociais. A conjuntura do debate foi baseada no estilo de
entrevista, na qual os alunos da disciplina que compareceram ao local,
realizavam perguntas direcionadas para Áurea acerca de sua atuação
profissional no Terceiro Setor. Áurea respondia a pergunta e a partir de
sua resposta era gerada uma discussão mediada pelo professor Rostand.
O
Terceiro Setor
A
sociedade civil é dividida em três setores, primeiro, segundo e terceiro. O Primeiro Setor
é formado pelo Governo, o Segundo Setor é formado pelas empresas privadas,
e o Terceiro Setor são as associações sem fins lucrativos. O Terceiro Setor
contribui para chegar a locais onde o Estado não conseguiu chegar, fazendo ações
solidárias, portanto possui um papel fundamental na sociedade. Existem várias
organizações que fazem parte do Terceiro Setor, como as ONGs (Organizações
Não Governamentais) e OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público).
De
acordo com o que foi debatido com a jornalista Áurea, o Terceiro Setor é
mantido com iniciativas privadas e até mesmo incentivos do Governo, com
repasse de verbas públicas. As entidades do Terceiro Setor têm como
objetivo principal melhorar qualidade de vida dos necessitados, sejam
crianças, adultos, animais, meio ambiente, e etc. As fundações,
associações e instituições do Terceiro Setor estão muitas vezes envolvidas
com obras de filantropia. É importante referir que as empresas que têm
responsabilidade social também podem contribuir para uma sociedade mais
equilibrada e justa.
A
comunicação no Terceiro Setor
Depois
de um esclarecimento de como se da à constituição do Terceiro Setor na sociedade,
Áurea elencou alguns elementos que distinguem o trabalho do comunicador
nessa área, com enfoque principal em relação à grande mídia comercial.
“Como
comunicadora, mais especificamente na assessoria de imprensa, eu já trabalhei
em uma rede de televisão comercial que forneceu grande experiência a minha
profissão e a minha carreira na área de comunicação. O fato de eu estar do
outro lado, ou seja, na grande mídia comercial, me ajudou muito a pensar
estrategicamente o meu posicionamento como profissional no Terceiro Setor.
Eu sou uma pessoa antes de atuar na grande mídia comercial e outra pessoa
depois de atuar nela. Hoje eu tenho uma visão estratégica da comunicação.
Minha função como assessora dentro das ONGs que trabalho é de mediação,
pois tenho que mostrar para os integrantes que os interesses deles muitas
vezes também têm que bater com os interesses da grande mídia, ou vice-versa. Para
podermos alcançar espaço na grande mídia e atingir um público maior, é preciso
existir permutação de interesses em ambos os lados”, explicou Áurea.
As
perguntas feitas a Áurea geraram diversas temáticas e assuntos específicos, porém,
os alunos e Rostand sempre buscavam trazer o enfoque para a atuação do comunicador
social no Terceiro Setor e sua contribuição para as lutas e Movimentos Sociais.
De acordo com o que Áurea destacou, para trabalhar no Terceiro Setor, o comunicador
social tem que pensar e agir de acordo com a filosofia da ONG ou do Movimento
Social, e isso significa entender que os membros que compõem os movimentos
sociais são geralmente definidos por dois tipos de frente de comando.
Existem os indivíduos que buscam a reivindicação de políticas publicas
eficientes por parte do Estado, no intuito de atender demandas sociais, ou
mesmo outro tipo de reivindicação a determinado setor social, e utilizam muitas
vezes do enfrentamento direto, através do uso de armamentos e artifícios de combate.
Um exemplo claro disso são as várias lutas que enfrentam o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Por outro lado existem os
indivíduos que são mais cautelosos e tentam agir de forma planejada e mais
lenta, dando prioridade à dialogicidade entre partes que discordam em
determinado assunto.
“Em
muitos casos é preciso agir também como mediador de conflitos, saber que quando
se entra no movimento, mesmo como assessora de imprensa, tem que se
engajar com aquilo. É praticamente impossível ser assessor de imprensa
dentro de uma ONG ou Movimento Social e não se engajar e lutar pelos
mesmos direitos. É importante também que a parte de comunicação seja
específica e bem estruturada, saber a que público vai atingir e que
veículo de comunicação será usado em determinada matéria. Portanto, o
comunicador tem que saber lidar com esse tipo de conflito e com esse tipo
de problema”, ressaltou Áurea.
Segundo
o que foi discutido durante todo o debate, é possível pensar que existe um
desafio específico para a grande mídia e outro para o Terceiro Setor. Para a
mídia, o mais importante seria a contextualização da informação. É necessário perceber
em que contexto o assunto se envolve, caso contrário qualquer indivíduo se
manifesta falando o que quiser, reproduzindo mensagens que já estão sendo
ditas redundantemente. Já o desafio da comunicação no Terceiro Setor é
saber se inserir no panorama midiático. A mídia brasileira possui uma
tendência em seguir utilizando as mesmas linhas editoriais, bem como as mesmas
formas de cobrir diferentes assuntos. O comunicador dentro do Terceiro Setor
deve perceber a importância de repensar modelos do que é notícia. Além de que
dentro das ONGs e OSCIPs, ou mesmo nos Movimentos Sociais, o comunicador social
tem maior liberdade de predispor seu trabalho, pois a organizações abrem
espaço para entender como o profissional da comunicação pensa.
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